25 setembro 2006

Oportunismo

Do Imprensa Marrom.
http://imprensamarrom.com.br/?p=522

QUAL A PESQUISA MAIS RECENTE?

Sabem da última? Talvez não saibam. Ou então tenham, por última, aquela que talvez seja a penúltima. Confuso,
né? Mas é o seguinte…

O Datafolha realizou pesquisa para apurar as intenções de voto a Presidente da República. Essa pesquisa foi
logo divulgada. O Ibope, a pedido do Estadão, também realizou tal levantamento. Mas só foi divulgado hoje (na
Internet, está desde ontem), por conta da edição dominical do periódico.

Muitos ‘analistas’ (ah, esses analistas…) tratam a pesquisa do Ibope como sendo a última, porque de fato foi a
última a ser DIVULGADA. Mas adivinhem o que aconteceu?

O Ibope foi a campo de 20 a 22 de setembro, e ouviu 2002 eleitores em 141 municípios. O Datafolha foi a campo
somente no dia 22, e ouviu 4319 eleitores em 210 municípios.

Além de mais abrangente e e mais recente, a pesquisa do Datafolha foi divulgada ANTES. Mas obviamente seus
números não refletem um quadro anterior àquele demonstrado pelo Ibope, que apenas divulgou depois, mas foi a
campo antes.

Claro, pesquisas podem sempre dar errado. Não temos dúvidas. Mas é curioso como elas vêm sendo aplaudidas
exatamente por aquele povinho que, até ontem, desprezava tais levantamentos.

De todo modo, usando ou não para fins eleitorais, é bom ter um pouco de justiça com os números e com a lógica.
A pesquisa do Datafolha é mais recente e muito mais abrangente (ouviu mais do que o dobro de eleitores em bem
mais municípios).

Bola de Neve x Bomba
Os ‘escândalos políticos’ podem ser divididos em duas categorias. Há aqueles que se transformam em bolas de
neve, causando com o tempo efeitos cada vez mais devastadores; e há os que ‘explodem’, mas logo o povo muda de
assunto. O mensalão, que muitos pensaram ser da primeira categoria, acabou sendo um bafafá restrito à mídia.
Não teve força para causar grade estrago eleitoral.

O caso do dossiê parece que segue o mesmo caminho. A pesquisa do Datafolha, feita depois da do Ibope (embora
divulgada antes), talvez sinalize que a oscilação ficou restrita aos dias de maior repercussão, com os
telejornais divulgando pesado. Agora, tudo voltou mais ou menos ao normal. E os índices eleitorais se assentam
nas posições de antes.

Senão pelos números, também pelo fato de que esse escândalo não é como o anterior; ou seja, não atinge apenas
uma das trincheiras (embora o valerioduto, bem sabemos, também envolva o PSDB). O caso do dossiê é
’suprapartidário’.

O PT é acusado de ter comprado a papelada, o PSDB é acusado de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. É
claro que não há um único perdedor nessa história.

Na hipótese de se tornar uma bola de neve (coisa de que duvido), tal episódio pode arrastar consigo não somente
um partido, mas praticamente todos os envolvidos (ainda que parcela considerável da imprensa prefira não usar a
eqüidade ao tratar do tema).

“Veja” e o Dossiê ‘Falso’
Sabe-se lá com que fundamento, a “Veja” se apressou em chamar o dossiê de ‘falso’. Talvez eles tenham feito um
trabalho pericial nas duas mil páginas que compõem o documento. Vai saber…

Mas, agora, foi revelado que as acusações envolvem vários partidos, não somente o PSDB. Sobra até para o PT.

Será que a “Veja” manterá a opinião de que o dossiê é ‘falso’? Ou dirá que pelo menos a parte anti-pestista é
verdadeira? A ver.

Espinafrado por Gravatai Merengue

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