24 setembro 2006

Operação arriscada

Brasília, sexta-feira, 22 de setembro de 2006
Ugo Braga

Da equipe do Correio

Publicado no Correio Brasiliense:
http://www2.correioweb.com.br/cbonline/politica/pri_pol_257.htm?

Petistas iniciaram uma operação de bastidor lançando dúvidas sobre a isenção do procurador Mário Lúcio Avelar, responsável pela investigação contra os sanguessugas e também do dossiê contra os tucanos. A idéia que eles tentam difundir é a de que Avelar manipulou Luiz Antônio Vedoin levando-o a uma arapuca armada para capturar assessores da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por trás de tudo, estaria antiga relação do procurador com o tucano José Serra.

Para dar vazão à estratégia, os petistas dispararam telefonemas a algumas pessoas-chaves chamando a atenção para uma entrevista concedida por Mário Lúcio à jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de S.Paulo, em março de 2002. Era uma época turbulenta. Poucos dias antes, a PF realizara uma ação na Lunus Consultoria, em São Luís, onde achou R$ 1,3 milhão. A empresa pertencia a Jorge Murad, marido da então pré-candidata do PFL à Presidência, Roseana Sarney. Fotos da bolada apareceram na TV. Roseana não explicou de onde veio o dinheiro e teve que se retirar da corrida presidencial.

Os dias seguintes foram marcados pelo rompimento do PFL com o PSDB e por um bate-boca entre o então diretor-geral da PF Agílio Monteiro e Mário Lúcio. Um acusava o outro de ter vazado as fotos do dinheiro. Questionado pela jornalista da Folha, Avelar respondeu: “Gente, querem dizer que isso é do Serra? Então escreve: sou o procurador do Serra”. Na época, ele chefiava o MP no Tocantins.

Teoria da conspiração

Além desse fato, petistas propuseram, em conversas discretas, um silogismo, segundo eles, comprometedor contra Mário Lúcio. Lembraram que Vedoin fechou há poucos meses acordo de delação premiada com o MP, abençoado pela Justiça do Mato Grosso. Assim, não dava um passo sem conhecimento prévio de Avelar. “Vedoin sabia que estava grampeado e falou tudo por celular!”, espanta-se um influente parlamentar do PT. Armada a arapuca, argumenta, os “patos” caíram.

A trama contra Avelar contém pontos falhos. Há, de fato, um elo entre o procurador e José Serra. Este elo atende pelo nome de José Roberto Santoro. É subprocurador-geral licenciado e montou um bunker dentro do Ministério da Saúde na época que Serra chefiava a pasta. Santoro é uma espécie de mentor para grupo de procuradores, no qual figura Mário Lúcio. O ponto é: se é mesmo ligado a Serra, por que Avelar manipularia Vedoin, levando-o a montar um dossiê que incrimina o tucano?

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