27 dezembro 2004

Vivo desrespeita o consumidor

Obrigado Vivo !

Fui cliente da Vivo desde o final de 1999, quando ainda era Telesp Celular.

Desde o final de 2003 estou insatisfeito com meu aparelho, um Motorola V8160, que de uma hora para outra pifou o visor. No começo deste ano tive que trocar a peça (R$ 120, se não me engano). No entanto, passado o período da garantia, quebrou novamente. Injuriado, resolvi que iria comprar um aparelho novo.

No entanto, via as operadoras concorrentes, com tecnologia GSM (e a Vivo insistindo no CDMA e tentando iludir os consumidores na TV), com aparelhos menores, a preços mais convidativos. Ainda assim, achei que valia a pena "investir na relação" (que tinha cinco anos, pô!) e aguardar. Com certeza, em pouco tempo a situação seria equilibrada entre a concorrência.

Nesses poucos meses, meu celular com visor quebrado tinha ainda alguma utilidade: recebia ligações e podia fazer chamadas a cobrar em caso de extrema necessidade. Não conseguia saber quem estava ligando ou se haviam mensagens de voz ou texto.

Chegou o Natal. A Vivo já com muitas novas opções de aparelho. Comparando preços, a Claro e a Tim ofereciam preços consideravelmente menores. Mas eu, fiel, fui à Vivo. Cliente há 5 anos, com certeza teria condições especiais ou bônus.

Domingo, 19 de dezembro de 2004. Loja da Vivo em um Shopping de São Paulo, perto da bela sede da Vivo na Av. Chucri Zaidan.
Fui bem recebido na loja. Falei que queria trocar meu velho aparelho, perguntei das condições. O vendedor me mostrou as opções e os "presentes" que a Vivo concedia. Fiquei chateado: eu, cliente há 5 anos, teria as mesmas "vantagens" que a empresa concedia a qualquer "estranho", a qualquer novo cliente. Por possuir um celular pré-pago, a Vivo me considerava um cliente de segunda linha, independentemente dos meus cinco anos de fidelidade, meus créditos consumidos, meus aparelhos adquiridos em suas lojas.

Desiludido, insisti em permanecer na Operadora por uma única razão: manter meu número. Enquanto em países que preservam o cidadão-consumidor é permitida a manutenção do seu número de telefone independentemente da troca de Operadora, aqui isso não acontece.

Escolhi um aparelho Nokia, visor colorido, bacaninha, R$ 499 (na Claro, aparelho idêntico, pré-pago, saía a 350). Eficiência total da loja, passaram meu cartão e boa, nota fiscal rapidinho.

Mas então...
Não conseguiam habilitar minha linha. Um "conflito sistêmico" (acredite, foi o termo utilizado), uma série de questões, um mistério. Mas o vendedor, muito educado, me disse que não havia problema: como a transferência da linha demoraria mesmo algumas horas, e como a bateria do celular precisaria ser carregada por oito horas, até lá a questão já estaria resolvida. E, portanto, eu já poderia ir embora.

Consumidor calejado, eu disse "não". Que não sairia de lá até ter uma solução. Muita demora, muitas ligações, o simpático vendedor até me fez uma pergunta, com uma expressão intrigada: "O senhor faz muita questão de manter seu número?" Ora, que coisa, um número novo e a situação estaria rapidamente resolvida.

Mas ora, é claro que eu fazia questão absoluta de manter meu número.

Muita espera dentro da loja e fui comunicado de que a situação não seria resolvida no mesmo dia. Estorna o cartão, cancela a nota. Boa tarde e obrigado senhor! Duas horas depois de entrar na loja, saio sem meu celular novo. Não sabia que trocar de aparelho celular era mais difícil do que trocar de carro. Difícil e desgastante.
Ah, a loja não pagou meu estacionamento. Nem minha pastilha de magnésia bisurada.

Momentos depois, no mesmo dia, nova surpresa. Não conseguia mais fazer chamadas nem receber ligações. Não é fantástico? Seria o "conflito sistêmico"? Além de não permitirem a troca do meu aparelho, fiquei sem celular! Perdi meu número!

Bem, posso agradecer: Obrigado, Vivo! Agora estou livre para trocar de operadora!

São Paulo, 19 de dezembro de 2004.

Em tempo: nos dias que se seguiram, fiz diversas tentativas para resolver a questão. Tudo por telefone. Não, não pelo meu celular. E não, não eram ligações gratuitas.
Fui parar na ouvidoria da Vivo, inclusive. A pessoa que me atendeu lá mais parecia advogada de defesa da empresa, incrível!
Ainda bem! Me livrei da Vivo!