31 outubro 2006
26 outubro 2006
O vício resiste
JANIO DE FREITAS
O VÍCIO RESISTE
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2610200606.htm
Nas circunstâncias atuais, a pretensão de impeachment de Lula disfarça mal a idéia de um golpe branco
A SIMULTANEIDADE de eleição presidencial e caso dossiê trouxe de volta uma idéia que muitos diziam para sempre
extinta na vida política brasileira. Não importa que esteja restrita a uma parte das eminências do PSDB, como a
um pequeno grupo pefelista, e aparentemente a um ou outro meio de comunicação. Nem faz diferença que se
apresente como um recurso de ordem judicial, amparado em preceitos legais. Nas circunstâncias em que se
apresenta, a pretensão de impeachment de Lula, mesmo no decorrer do previsto segundo mandato, disfarça mal a
idéia de um golpe branco.
É possível argumentar que as ações judiciais já entradas contra Lula nasceram das ocorrências do dossiê, e não
do propósito de afastá-lo da Presidência. Os contra-argumentos não são escassos. A começar de que a idéia de
impeachment emergiu, inclusive publicamente, antes de haver qualquer indício de comprometimento direto de Lula
ou mesmo indireto, do seu gabinete, na história ainda inconvincente do dossiê.
O que Tasso Jereissati, Jorge Bornhausen, Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin apresentam como
comprometimento são adulterações de certos fatos ou ficções de sua autoria. Como dizer, por exemplo, que se "o
chefe-de-gabinete da Presidência telefonou a Jorge Lorenzetti para saber de informações, Lula sabia de tudo"
(Tasso Jereissati, mas não só ele). Se ligou para saber do que se tratava, até prova em contrário, é porque
nenhum dos dois sabia. O comprometimento de Lula, ou de alguém que o comprometa de fato, é possível como tantas
outras possibilidades, inclusive a armação de oposicionistas, mas nada fundamentou tal hipótese, até agora.
Fatos por fatos, a armação até se aparenta menos aérea.
No Estado de Israel, o presidente está em processo criminal, sob a acusação de violentar uma mulher e
importunar, com propósito semelhante, outras nove ou dez. O primeiro-ministro Ehud Olmert, notabilizado pela
investida militar no Líbano, está sob a acusação de colaborar para atos de corrupção. Nos Estados Unidos, é
notório o envolvimento do vice-presidente Dick Chenney, acobertado por Bush, com empresas postas sob graves
acusações de desvios que chegariam a US$ 1 bi, no Iraque. Todos esses casos levam, nos seus países, a falar de
investigação (muito mais em Israel do que nos EUA) e, se couber, julgamentos judiciais. Em nenhum há ação
judicial com objetivo de impeachment.
Por que, no Brasil, antes mesmo que a investigação ao menos progrida um pouco, e se livre de seus aspectos
estranhos, políticos com grandes responsabilidades adotam, afoitos, a idéia e os passos iniciais para
impeachment? Por que, se a essência desse movimento não se confundir com a idéia de golpe branco?
"Lula não pode sair incólume dessa fraude", pregava anteontem o senador Tasso. "Não sair incólume" é uma
expressão que não permite duas interpretações. No caso de um candidato à reeleição, é que não possa chegar ao
segundo mandato. No caso de presidente eleito ou reeleito, a única maneira de "não sair incólume" é perder a
Presidência.
Pelo que se sabe do caso dossiê, a idéia de impeachment (ou de invalidação da candidatura) fica entre os
desatinos. Mas revela bastante. Ou confirma.
25 outubro 2006
Seguradora é condenada por fraudar cliente em SP
Além dos bandidos, temos as empresas bandidas agora. A notícia trata de uma condenação da Marítima Seguros, mas
há processos contra a Porto Seguro, o Itaú Seguros e a RealPrev. As empresas faziam um esquema de fraude para
não pagar o seguro de veículos.
As vítimas eram roubadas TRÊS vezes: pelo bandido na rua, pela seguradora quando se recusava a pagar o segura e
também pela seguradora, que cobra um preço extorsivo pelo seguro.
É um verdadeiro abuso o preço cobrado pelo seguro de um veículo. E ainda mais essa agora das seguradoras.
Seguradora é condenada por fraudar cliente em SP
Quarta, 25 de Outubro de 2006, 8h44
Fonte: INVERTIA http://br.invertia.com/
Portal Terra
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200610251144_INV_30029380
A Marítima Seguros foi condenada pela Justiça de São Paulo por ter se negado a pagar indenização a clientes que
tiveram carros roubados, sob a alegação de que os veículos tinham sido vendidos pelos proprietários. A empresa
é acusada de forjar documentos da venda dos veículos antes das queixas de roubo na delegacia. Assim, as
seguradoras não pagavam as indenizações e os clientes acabavam indevidamente acusados de tentar fraudar o seguro.
De acordo com a Folha de S.Paulo, a documentação era preparada em cartórios do Paraguai e da Bolívia sem que
houvesse a apresentação do carro ou do documento do proprietário. Conforme a investigação do Ministério
Público, policiais de fronteira, e também do 27º DP (Campo Belo), na zona sul, participavam do esquema.
A Marítima Seguros ainda pode recorrer da condenação. O Ministério Público também entrou com ações no ano
passado contra a Porto Seguro, o Itaú Seguros e a RealPrev, sob a acusação de terem praticado o mesmo esquema.
Esses processos ainda estão em andamento e não tiveram nenhuma sentença até agora.
24 outubro 2006
Os Fatos Ocultos - matéria completa
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22 outubro 2006
21 outubro 2006
Resposta a Ali Kamel: Tartufo trabalha na Globo?
Por Redação CartaCapital
O texto assinado por Ali Kamel, diretor de jornalismo da TV Globo, em anúncio pago pela emissora e veiculado na edição impressa, é, no mínimo, escorregadio ao tentar desqualificar as perguntas de CartaCapital que na semana passada se negou a responder. Kamel escorrega. E falseia.Em comunicado remetido pela Central Globo de Pesquisa e Recursos Humanos, enviado a todos os usuários do e-mail do departamento de Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife, lê-se que “a revista enviara um questionário, cujo teor não deixava dúvidas de que estava mal-intencionada: as perguntas partiam sempre de premissas falsas e se referiam a episódios que nunca existiram”.
Tartufo, aquela definitiva personagem de Molière, não faria melhor na sua infinita hipocrisia. É invenção de CartaCapital que 70% das ambulâncias da Planam foram liberadas durante o governo FHC e que a Globo cuidou de não mencionar o fato? E é invenção nossa que até hoje o JN não destacou um repórter para investigar as relações de Barjas Negri com Abel Pereira? E é que pelo menos uma reportagem foi produzida sobre Abel Pereira, e editada, e até hoje não foi ao ar?
Por aí iam as perguntas de CartaCapital. Um dos princípios que norteiam o nosso trabalho é a fidelidade canina à verdade factual, a qual, dizia Hannah Arendt, quando omitida jamais será recuperada. Dizia também: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a relatar o que acontece, e que acontece porque é”. CartaCapital não esmorece na determinação de relatar o que acontece.
O texto de Ali Kamel alega isenção e objetividade, mas só ilude os desavisados, os mesmos que o JN busca alcançar. Como se sabe, o apresentador do jornal, William Bonner, iguala o telespectador-padrão a Homer Simpson, o simpático simplório do desenho animado. Esse desprezo pela platéia não é incomum no jornalismo brasileiro, muito pelo contrário. E é a razão primeira da decadência da nossa mídia.
Que ela sempre e sempre tenha prestado serviço ao poder é fato, mesmo porque é um dos rostos do próprio. Só para citar eventos mais ou menos recentes, ou nem tão remotos, basta recordar o golpe de 1964, o golpe dentro do golpe de 1968, a campanha das Diretas Já, as eleições de 1989. Mas se a questão moral sempre foi secundária, bastante secundária, para os patrões, vale sublinhar que já houve mais qualidade profissional.
Nunca houve tamanho desrespeito pelos leitores, ouvintes, espectadores. Desmoralização abissal e aviltamento progressivo da língua portuguesa, bela, forte, dúctil. A comparação entre o nosso jornalismo e o de muitos outros países é insustentável.
Claro que não é lícito condenar a Globo, bem como outros órgãos, e empresas, da mídia, por suas simpatias políticas. Insuportável é a tentativa de esconder a parcialidade por trás de uma neutralidade que os comportamentos traem a cada passo.
Jornalismo é informação e opinião. CartaCapital não hesita em manifestar as suas opiniões, neste momento, na escolha nítida de uma candidatura em lugar de outra, porque respeita seus leitores, a nação e o País. Quanto a Ali Kamel, experimentamos a impressão de que não ouviu a gravação da conversa dos repórteres com o delegado Bruno. Ainda que, a esta altura, ela seja do conhecimento até do mundo mineral.
http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirSecao&id_secao=7
17 outubro 2006
16 outubro 2006
Os Fatos Ocultos
Por Raimundo Rodrigues Pereira (na Carta Capital)
http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=5457
É por volta das 5 da tarde. A essa altura, mais ou menos à frente do prédio, que fica na rua Hugo Dantola, perto da Ponte do Piqueri, na Marginal do rio Tietê, na altura da Lapa de Baixo, estaciona uma perua da Rede Globo. Ela pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra.
Com o tempo vão chegando jornalistas de outras empresas: da CBN, da Folha, da TV Bandeirantes. E a presença das equipes de Serra e Alckmin provoca comentários. Que a Rede Globo fosse a primeira a chegar, tudo bem: ela tem uma enorme estrutura com esse objetivo. Mas como o pessoal do marketing político chegou antes? Cada uma das duas equipes tem meia dúzia de pessoas. A de Serra é chefiada por um homem e a de Alckmin, por uma mulher. As duas pertencem à GW, produtora de marketing político. Seus donos foram jornalistas: o G é de Luiz Gonzales, ex-TV Globo, e o W vem de Woile Guimarães, secretário de redação da famosa revista Realidade, do fim dos anos 1960. Entre os jornalistas, logo se sabe que foi Gonzales quem ligou para a Globo, avisando do que se passava na PF.
E quem avisou Gonzales? Foi alguém da Polícia Federal? Foi alguém do Ministério Público, de Cuiabá, de onde veio o pedido para a ação da PF? Uma fonte no Ministério da Justiça disse a CartaCapital que as equipes da GW chegaram à PF antes dos presos, que foram detidos no Hotel Ibis Congonhas por volta da 6 da manhã do dia 15 e demoraram a chegar à sede da polícia. Gente da equipe da GW diz que a empresa soube da história através de Cláudio Humberto, o ex-secretário de imprensa do ex-presidente Collor, que tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet e que teria sido o primeiro a anunciar a prisão dos petistas.
Pode ser que sim, o que apenas leva à pergunta mais para a frente: quem avisou Cláudio Humberto? Mesmo sem ter a resposta, continuemos a pesquisar nessa mesma direção: a de procurar saber a quem interessava a divulgação da história do dossiê e como essa divulgação foi feita. Para isso, voltemos à região do prédio da PF duas semanas depois.
2. É 29 de setembro, vésperas da eleição presidencial, por volta das 10h30 da manhã. Sai do prédio da PF na Lapa de Baixo o delegado Edmilson Pereira Bruno,m 43 anos, que estava de plantão no dia 15 e foi o autor da prisão de Valdebran e Gedimar. Ele convida quatro jornalistas para uma conversa: Lílian Cristofoletti, da Folha de S.Paulo, Paulo Baraldi, de O Estado de S. Paulo, Tatiana Farah, do jornal O Globo, e André Guilherme, da rádio Jovem Pan. Bruno quer uma conversa reservada e propõe que ela seja feita a cerca de um quarteirão dali, na Bovinu's, uma churrascaria. Um dos jornalistas argumenta que ali "só tem policial". O grupo acaba conversando perto da Faculdade Rio Branco, que não se avista da frente da PF, mas é também ali por perto. Ficam na rua mesmo. O delegado não sabe, mas sua conversa está sendo gravada.
Bruno diz que quer passar para os jornalistas cópia das fotos do dinheiro apreendido com os petistas, que estavam sendo procuradas há muito, por muita gente. Leva um CD com as imagens; 23 fotos; e três CDs em branco para que eles copiem as imagens de modo a que cada um tenha uma cópia. Fala que eles devem dizer "alguém roubou e deu para vocês", para explicar o aparecimento das fotos. Diz que ele próprio vai dizer coisa parecida a seus chefes na PF, que os jornalista é que roubaram: "Doutor, me furtaram. Sabe como é que é, não dá para confiar em repórter". Recomenda que as fotos sejam editadas em computador com o programa Photoshop para tirar detalhes, como o nome da empresa na qual as cédulas foram fotografadas,a fim de despistar a origem do material.
Algumas pessoas têm a fita de áudio com a conversa do delegado Bruno com os quatro repórteres. Mais pessoas ainda a ouviram. Uma delas é o repórter Luiz Carlos Azenha, que tornou público vários de seus trechos no seu site pessoal na internet "Vi o mundo, o que nunca você pode ver na tevê" (http://viomundo.globo.com/). Azenha, que é repórter da TV Globo, não quis dar entrevista a Carta Capital. Pediu para que se procurasse a emissora. Para o que mais interessa ao desenrolar da nossa história, dos trechos da fita, deve-se destacar a preocupação de Bruno em fazer com que as fotos chegassem no dia ao Jornal Nacional. "Tem alguém da Globo aí?", pergunta ele. Um dos quatro responde: "Não é o Tralli? O Tralli está muito visado", Bruno diz, referindo-se a César Tralli e ao incidente, conhecido de muitos, de esse repórter da TV Globo ter podido acompanhar, praticamente disfarçado de Polícia Federal, a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf.
Mas a preocupação principal de Bruno é a que ele reitera nesse trecho: "Tem de sair hoje à noite na TV. Tem de sair no Jornal Nacional".
3. As fotos são divulgadas, como veremos no capítulo seguinte, com imenso destaque, no dia 29, vésperas das eleições, repita-se, no JN. Mas não apenas no JN. Veja-se a Folha de S.Paulo, por exemplo, Lá também a divulgação foi, pelo menos na opinião de alguns, espetacular: "Que primeira página mais linda, a de 30/9. É por isso que eu não consigo me separar da Folha", escreveu o leitor Euclides Araújo, no dia seguinte. "A glosa, a irreverência, a fina ironia falaram mais alto, mostrando aquela montanha de dinheiro em cima e, embaixo, Lula, sendo abraçado por uma mão morena e cobrindo o rosto, como se fosse um meliante, conduzido ao distrito, tentando esconder a identidade. O que eles querem, o Pravda ou o Granma? Valeu, Folha!"
A Folha publicou, com grande destaque na primeira página, a foto na qual o dinheiro está empilhado de forma que as notas apareçam com a frente voltada para cima, que é a que mais dá a impressão da "montanha de dinheiro" citada pelo admirador do jornal. E não divulgou que as fotos lhe tinham sido passadas por um policial visivelmente emprenhado em fazer com que elas tivessem um uso político claro, de interferir no pleito de 1º de outubro.
A Folha também tinha a fita de áudio, que foi levada por sua repórter. A editora-executiva do jornal, Eleonora de Lucena, não quis responder por que omitiu as informações dessa fita, a nosso ver tão relevantes. Alguns dos quatro repórteres que receberam as fotos do delegado Bruno, ouvidos para esta matéria, disseram em defesa da tese de que o áudio não deveria ser divulgado, com o argumento de que o jornalista deve preservar o sigilo da fonte, com o que concordamos. Mas perguntamos a Eleonora: por que ela não deu a informação de que se tratava de uma intervenção política no processo eleitoral, publicando os trechos da fita de áudio, que tornam isso explícito, mas sem citar o nome da fonte?
O mais curioso, para dizer o mínimo, é que a Folha publica, junto com as fotos do dinheiro, uma matéria ("Imagens foram passadas em sigilo à imprensa") na qual conta o que o delegado Bruno disse depois, na tarde do mesmo dia 29, ao conjunto de jornalistas, na frente da PF. No texto, assinado pela repórter do jornal que recebeu as fotos de Bruno pela manhã, se diz: "O delegado Bruno disse, ontem, em coletiva à imprensa, q2ue o CD com as fotos havia sido furtado de sua sala, na PF - e que ele estava sendo injustamente acusado de ter repassado o material aos jornalistas". Pergunta-se: qual é o sentido de publicar uma informação que a jornalista sabia que é evidentemente mentirosa e, no caso, ainda ajudava o policial a tentar enganar a própria imprensa?
O Estado de S. Paulo do dia 30 publica a mesma foto, das notas em posição de sentido. E com um texto, assinado por Fausto Macedo e Paulo Baraldi, ainda mais incrível, também para dizer o mínimo. O texto é praticamente uma diatribe contra o PT e em defesa de José Serra. Diz que a publicação das fotos é a abertura "de um segredo que o governo Lula mantinha a sete chaves". Diz que o dinheiro vinha de quem "pretendia jogar Serra na lama dos sanguessugas". É também uma espécie de defesa do delgado Bruno, em favor do qual são ditas algumas mentiras. O texto diz que as fotos foram feitas por "um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin)", na sexta-feira dia 15 de setembro. E que o delegado Bruno comandou uma perícia nas notas, a serviço da Polícia Federal, na sala da Protege AS, Proteção de Transporte de Valores, em São Paulo. De fato, como se saberia no mesmo dia 30 em que o texto de Macedo e Baraldi sai publicado, as fotos foram feitas pelo próprio delegado Bruno, depois de enganar os peritos que analisavam as notas, dizendo-se autorizado pelo comando da PF. Pela infração, o delegado está sendo investigado por seus pares.
4. Tanto o Estado como a Folha dividem a primeira página do dia 30 entre a notícia das fotos do dinheiro e uma outra informação espetacular: a da queda do Boeing de passageiros da Gol com 154 pessoas, depois de um choque com o Legacy da Embraer, o jatinho executivo a serviço de empresários americanos. No dia 29, no Jornal Nacional, da Globo, no entanto, não há espaço para mais nada: a tragédia do avião da Gol não entra; o noticiário eleitoral, com destaque para a foto do dinheiro dos petistas, é praticamente o único assunto.
É uma omissão incrível. O Boeing partiu de Manaus às 15h35, hora de Brasília. Deveria ter chegado a Brasília às 18h12. Quando o JN começou, a notícia do desastre já corria o mundo. No site Terra, por exemplo, às 20h10 uma extensa matéria já noticiava que o avião da Gol havia desaparecido nas imediações de São Félix do Araguaia, na floresta amazônica; e a causa apontada era o choque com o avião da Embraer.
Qual a razão da omissão do JN? A emissora levou um furo, como se diz no jargão jornalístico, ou decidiu concentrar seus esforços no que lhe pareceu mais importante?
Qualquer que seja o motivo, o certo é que a questão da divulgação das fotos mobilizou a cúpula do jornalismo da tevê dos Marinho. Como vimos, Bruno fora informado pelos jornalistas que Bocardi, da TV Globo, estava entre os jornalistas diante da PF no dia 29. Bocardi é Rodrigo Bocardi, repórter da TV Globo, que atendeu Carta Capital com muita má vontade. Disse que a matéria acabara sendo apresentada por César Tralli e não por ele; e não quis dar mais informações. De alguma forma, no entanto, tanto a fita de áudio como a conversa de Bruno com os jornalistas quanto ao CD com imagens do dinheiro foram passados à chefia de jornalismo do JN em São Paulo e de lá foram levadas a Ali Kamel, no Rio.
Kamel é uma espécie de guardião da doutrina da fé, o Raztinger da Globo, como dizem ironicamente pessoas da organização dos Marinho, que criticam o excesso de zelo deste que é um editor em última instância de todo o noticiário político da emissora carioca. A crítica lembra o papel do cardeal Joseph Raztinger, atualmente papa Bento XVI, no papado de João Paulo II.
Compreende-se por que a decisão sobre o que fazer com o áudio e com as fotos tivesse de ser tomada pelas mais altas autoridades da emissora. Se divulgasse o conteúdo exato das duas informações, a Globo estaria mostrando que o delegado queria usar a emissora para os claros fins políticos que manifesta e que a emissora tinha feito a sua parte nesse projeto. A saída de Kamel - aparentemente, segundo relato de terceiros, ouvidos por Carta Capital, já que ele mesmo não quis se manifestar - foi a de omitir qualquer referência à existência do áudio: "Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos, não a temos", teria dito Kamel. A informação complicava a Globo. A informação sumiu.
http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=5457
*Confira a íntegra da reportagem na edição impressa
15 outubro 2006
O 1º golpe de Estado já houve. E o 2º?
É o
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1) As
2) O
3) O
4) O
5)
6) No
7)
8) A
9) A
10) A
11)
12)
13)
14) A reportagem de
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Paulo
1989 + O fato e a foto do dinheiro (Mino Carta)
(Se você não sabe quem é este SENHOR JORNALISTA, sugiro ir atrás.)
1989
A reportagem de CartaCapital, nas bancas paulistanas desde o meio-dia de hoje, traz imediatamente à memória a lembrança dos lances finais da campanha do segundo turno de 1989. Primeiro, veio à tona a história da menina Lurian, que a mídia contou qual fosse pecado mortal a aventura amorosa de um viúvo. Depois aconteceu a manipulação do debate de encerramento, comandada pessoalmente por Roberto Marinho. Os donos do poder estavam então dispostos a agarrar em fio desencapado, no caso o outsider Fernando Collor. A trama atual tem sabor igual, é mais sutíl, porém. Mais velhaca.
enviada por mino 13/10/2006 18:26
O fato e a foto do dinheiro
Todo o esforço da mídia para evitar que os eleitores soubessem como surgiu a foto do dinheiro, destinado ao pagamento do celebérrimo dossiê, malogra redondamente nesta sexta. Graças à reportagem de capa de CartaCapital, que está nas bancas de São Paulo desde o meio-dia. O enredo começa na sexta, 15 de setembro, quando foram presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos. Os jornalistas chegam ao prédio da PF e encontram no local as equipes de Geraldo Alckmin e José Serra. As quais contam, fácil deduzir, com solertes informantes dentro da polícia. Mas o herói do entrecho surge na ribalta catorze dias depois, véspera da eleição. É o delegado Edmilson Pereira Bruno. Carrega as imagens do dinheiro, que ele mesmo fotografou com sua máquina. Pacotes de notas sabiamente empilhados, com esmero de artistas do still. Diz, peremptório: “Tem de sair no Jornal Nacional”. Cercam-no quatro repórteres. Da Folha, do Estado, de O Globo e da Jovem Pan. Gravam a conversa. Edmilson recomenda: levem as fotos mas esqueçam o que eu disse, vou enganar os meus superiores, contarei que fui roubado por vocês, sabem como são os jornalistas... Os pedigueiros da informação topam e entregam as gravações aos chefes, que as enfurnam nas gavetas mais próximas. Caluda! O pedido do delegado é atendido pela Globo, no ambicionado JN. As fotos explodem ao vídeo enquanto uma voz soturna, fora do campo, lhes ilustra a serventia. Sabemos que, em grande parte, devemos a eles o segundo turno. A Globo chega ao requinte de antecipar a exibição à noticia do desastre do avião da Gol, já no ar em outras emissoras.
enviada por mino 13/10/2006 14:47
A privataria pegou pesado em São Paulo
A ekipekonômica de Alckmin queria vender o carro (ao seu jeito) para comprar gasolina
LULA EXAGERA mas não mente quando vincula Geraldo Alckmin à privataria que torrou R$ 200 bilhões do tesouro da Viúva entre 1995 e 2002. Dois lances recentes, ocorridos em São Paulo com o patrimônio da índia Bartira, indicam que os privatas aninharam-se na ekipekonômica que o candidato do PSDB deixou na administração do Estado. Uma, a privatização de 20% do banco Nossa Caixa foi cancelada há duas semanas, na boca da pequena área, pelo governador Cláudio Lembo. Destinava-se a recolher R$ 1 bilhão no mercado para calafetar contas públicas. A outra aconteceu há quatro meses, com a venda de um pedaço da Cesp. Anomalias típicas da má gestão: queimar propriedades para cobrir buracos. Nas palavras de Noel Rosa: "Vendeste o carro para comprar gasolina".
Nos dois episódios ocorreram fenômenos paranormais durante o processo de privatização. Em geral, quando uma empresa lança ações no mercado, elas sobem. Foi o que aconteceu com a TAM. Com a Cesp e a Nossa Caixa, caíram. No dia em que se anunciou a venda do lote da Cesp, elas estavam a R$ 24,11. Quando os papéis chegaram ao mercado, valiam R$ 16,20. Um tombo de 32%. Com a Nossa Caixa, valiam R$ 47,36 no anúncio e, no dia em que Lembo salvou o gol, estavam a R$ 43,10, uma desvalorização de 14%.
Ações sobem, ações caem e a vida segue. Se a Cesp e a Nossa Caixa não encontravam quem pagasse mais pelos seus papéis, problema delas. O patrimônio de Bartira perdeu peso num período em que as casas Bradesco, Itaú e Unibanco valorizaram-se 3%. Novamente, é o jogo jogado. Nas duas iniciativas do governo de São Paulo, deu-se um fenômeno adicional. Depois do anúncio da operação, houve uma enorme demanda de aluguel de ações da Cesp e da Nossa Caixa. É o tal do mercado a descoberto, no qual um operador aposta na queda do valor de uma ação. Coisa assim: aluga-se um papel cotado a R$ 100 por 90 dias, pagando uma taxa de 5% ao ano. Vende-se a ação a R$ 100, coloca-se o dinheiro em outro negócio (juros de 14% ao ano do Copom, por exemplo) e espera-se. Se ao fim do contrato a ação estiver a R$ 90, ganha-se 10% sobre o investimento. Dinheirinho fácil.
Feito o anúncio das duas privatizações, ocorreu um surto de febre locatária de ações da Cesp e da Nossa Caixa.
Quando não se falava no negócio, o mercado tinha 718 mil ações da Cesp alugadas. Quando a transação foi concluída, as ações alugadas eram 3,7 milhões, um aumento de mais de 400%. A mesma coisa aconteceu com a Nossa Caixa. No dia do anúncio, as ações alugadas eram 400 mil. Quando Lembo suspendeu a operação, havia na praça 1,7 milhão de papéis alugados.
O mercado financeiro é muito mais complexo e menos demoníaco do que parece ao ser observado pelo retrovisor. Mesmo assim, se alguém teve a inspiração divina de alugar ações confiando e colaborando na queda do valor dos papéis da Cesp e da Nossa Caixa, fez um bom negócio. Admitindo-se que uma pessoa tenha apostado R$ 10 milhões em cada privataria e tenha lucrado apenas a metade do que lhe foi proporcionado pela queda das ações, faturou R$ 1,6 milhão com a Cesp. No caso da Nossa Caixa, se as ações fossem ao mercado na cotação do dia em que Lembo acabou com o jogo, a desvalorização teria rendido uns R$ 500 mil. O feliz locatário teria ganho R$ 2,1 milhões sem uma gota de suor ou um ceitil de seu patrimônio. Só com uma idéia, e uma fé.
Nos dois casos, quando a transação chegou ao fim, a febre locatária baixou e o número de ações das duas empresas no mercado a descoberto voltou ao normal. Os locatários das ações da Nossa Caixa micaram, pois nos dias seguintes ao cancelamento da operação o papel subiu 17%. Passada a febre locatária, as ações subiram de volta ao patamar em que estavam.
Na privataria paulista ocorreu uma mistura de oportunismo (vender o patrimônio para calafetar contas públicas), astúcia (torrar um pedaço de um banco no lusco-fusco do fim de governo) e onipotência (achar que ninguém estava prestando atenção). Pelo menos na Nossa Caixa, Bartira deve gratidão a Lembo.
Folha de S. Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1510200635.htm
Quem nasceu para Augusto Nunes não chega a Élio Gaspari
Abelardo Barbosa, o Chacrinha, foi definitivo em determinados momentos: “nada se cria, tudo se copia”. É o caso da coluna de Augusto Nunes no Jornal do Brasil, em relação à de Élio Gaspari, publicada nos jornais O Globo e Folha de São Paulo, sempre aos domingos.
Plagiar, segundo Aurélio Buarque de Holanda, “é imitar trabalho alheio”. Logo, a coluna de Nunes não é plágio. Falta o talento de Gaspari´. A diferença é mais ou menos a seguinte: Nunes enxerga o mundo na ótica estreita de quem tenta ser crítico sem ultrapassar a periferia da fofoca. Gaspari pensa grande. É, sem favor algum, um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro.
Uma das características, hoje, do mundo das comunicações, o tradicional, é a mesmice. E essa é uma das razões da profunda revolução provocada e vivida nos tempos da rede mundial de computadores. Permite que se fuja dessa situação.
Manhattan Colection, um dos primeiros programas em tevê fechada a conseguir índices de audiência de televisão aberta. Morreu e esqueceram de enterrar desde que morreu Paulo Francis. O programa era ele e sua fascinante inteligência, cultura, até seu jeito debochado, mas acima de tudo um jornalista sério, íntegro.
E nem se diga que os jornalistas que lá estão e tentam manter o programa não sejam íntegros ou inteligentes. O problema não é esse. Está na diferença abissal de Paulo Francis para o resto.
Tentaram, no caso a Globo, impingir Arnaldo Jabor um novo Francis. Não consegue ser sequer caricatura.
Todo esse preâmbulo para constatarmos que há dois tipos de críticas ao governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Um que se preocupa com o que o presidente come ou bebe e outro que pensa o Brasil para além dos interesses de donos de jornal. Sejam empreiteiros, banqueiros, o que diabo sejam e são todos, os donos, diabos.
Há um momento memorável na trajetória de Gaspari. Foi quando, ainda no governo FHC, tomou as dores de uma pequena empresaria, dona ao que me recordo, de uma confecção e que foi vítima do autoritarismo da Light. Apontada e execrada como responsável por um gato na rede de energia, viu seu negócio ir água abaixo e encontrou no jornalista a forma de extravasar sua indignação e ir buscar justiça como de direito.
Era um tempo em que essas empresas, sócias do Estado brasileiro, não encontravam resistência, o presidente era um mero delegado de seus interesses. Hoje já encontram alguma resistência, apesar das agências reguladoras (regulam os interesses dos donos).
Quando jornalistas como Gaspari, Jânio de Freitas, Clóvis Rossi, Villasboas Corrêa, Alberto Dines, Ancelmo Góis, e outros deitam suas críticas ao governo Lula, mais que frustração com determinadas políticas do presidente, fica cristalino que não são viúvas de FHC. Pelo contrário. Apenas exercem o jornalismo com liberdade e integridade.
Um dos problemas da esquerda brasileira é, muitas vezes, não enxergar isso. Ou a incapacidade de conviver com determinado tipo de critica, ou com contrários.
É uma das dificuldades do governo Lula no mundo das comunicações: conviver com a crítica séria e responsável . Prefere o caminho perigoso e equivocado do jornalismo chapa branca.
No caso da Folha se tirarmos os jornalistas independentes fica coisa nenhuma. Ou Josias de Sousa, outro que perde o sono com o que Lula come ou bebe. É o clássico exemplo do sanguessuga, o jornal. Constrói o que pretende ser fato, “um jornal sem rabo preso”, em cima de articulistas de fato independentes.
Se juntarmos, um exemplo, o número de linhas gasto com mostrar as diferenças entre Rio e São Paulo, na crônica esportiva então isso é quase que absoluto, falo da Folha no seu ufanismo paulistano, vamos perceber que o trabalho de outro jornalista competente, Boris Casoy, por mais que tenha estendido o campo de circulação daquele jornal, não conseguiu mudar um espírito que ainda é provinciano.
Os quatro grandes jornais brasileiros, Folha de São Paulo, Globo, Estado de São Paulo e Jornal do Brasil, ou assim considerados, cada dia mais mergulham no jornalismo chinfrim do mundo do faz de conta.
Restritos aos universos da televisão, do mundo do high society. São meras extensões do show.
Ninguém lê mais esses jornais. São iguais em tudo e por tudo. Exceto nos jornalistas independentes. Deviam cobrar um extra por sustentarem as fantasias de um faz de conta que não tem nada a ver com o de Monteiro Lobato.
É por aí. Quando o leitor, digamos assim, abre o Globo, vai logo no Veríssimo, depois no Ancelmo e nos outros não muda nada.
Ou compra pelos classificados.
Os chamados grandes cada dia mais estão menores.
Na linha da vaca da Veja, a que dá leite colorido.
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=9050
14 outubro 2006
Alckmin é a favor da privatização
11/10/2006 12:04h
Em 1996, Mário Covas, governador de São Paulo, nomeou o vice, Geraldo Alckmin, coordenador das privatizações. Alckmin coordenou o PED (Programa Estadual de Desestatização).
Alckmin e o PED de Covas fizeram o seguinte, nessa área (clique aqui para ouvir):
Empresas vendidas
- Empresas de saneamento Canoas I e II
- Estação de tratamento de água em Cajamar
- CPFL
- Eletropaulo/AES
- Comgás
- CESP Paranapanema
- CESP Tietê
Rodovias privatizadas
- Anhanguera
- Bandeirantes
- Imigrantes
- Anchieta
- Raposo Tavares
- Castelo Branco
- Região de Ribeirão Preto
- Região de Batatais
- Região de São João da Boa Vista
- Região de Bebedouro
- Região de Araraquara
- Região de Jaú
- Região de Itapetininga
- Região de Itapira
- Região de Itú
Transferidas para a União
- Fepasa
- Ceagesp
- Banespa (foi transferido para a União por R$ 2 bilhões e depois vendido pela União por R$ 7 bilhões)
Alienação de participação
- Sabesp
- Elektro
- Eletropaulo
Já governador, Alckmin privatizou:
- CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica)
- Nossa Caixa
- Subsidiárias da Nossa Caixa
- Linha 4 do Metrô (que já teve os envelopes da licitação abertos, mas a empresa não pode ser contratada por causa de uma ação judicial do sindicato dos metroviários, que tentam impedir a venda da linha 4)
- E já falou da possibilidade de privatizar o chamado “corredor norte de exportações”, composto pelas rodovias Dom Pedro, Carvalho Pinto, Ayrton Senna, Tamoios e pelo Porto de São Sebastião.
Alckmin é a favor da privatização. Vem de uma tradição (FHC e Covas) privatizante e não tem do que se envergonhar.
O eleitor de São Paulo provavelmente apoiaria, de novo, o que Covas e Alckmin fizeram no campo das privatizações, especialmente das rodovias. É um prazer andar numa estrada privatizada de São Paulo e um perigo ter que andar em estradas federais não privatizadas.
Por que Alckmin não anuncia aprofundar a privatização dos Correios, arena da mais grossa corrupção? Os Correios já são em boa parte privatizados, ou enfrentam a concorrência de empresas privatizadas, para o bem do usuário.
Em 1968, no tempo em que os bichos falavam, fui como correspondente da Veja cobrir a convenção do Partido Republicano
O notável economista (democrata) John Kenneth Galbraith deu uma entrevista em que anunciou: vou morar em Zâmbia, se Reagan privatizar os Correios.
Reagan perdeu. O escolhido foi Richard Nixon. Nixon ganhou e depois caiu.
Reagan se elegeu duas vezes. Não precisava mais defender a privatização. As pessoas já sabiam o que ele pensava. E foi o presidente americano mais popular.
Não adianta o Senador Arthur Virgilio subir à tribuna cem vezes para dizer que Alckmin é contra as privatizações.
Alckmin (como Reagan, Covas e FHC) é a favor.
Paulo Henrique Amorim, de Nova York, para o Conversa Afiada.
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/394001-394500/394311/394311_1.html
12 outubro 2006
Fugindo da Responsabilidade
Veja só quem não responde. Veja quem mente. Veja quem foge do debate. Veja quem não assume a responsabilidade.
Veja como esse autoritário reage quando é questionado por alguém firme, não um bajulador da imprensa local.
2/10/2006 - 09h37
Questão sobre o PCC fez Alckmin parar entrevista a TV australiana
da Folha de S.Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85119.shtml
Vídeo disponível na internet mostra que o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ficou irritado e interrompeu uma entrevista para o programa "Dateline", do canal australiano SBS, ao ser questionado sobre a reação de "grupos de extermínio" aos ataques do PCC, em maio.
Irritado com a pergunta, Alckmin disse: "Esse é um problema do governo estadual. Você deveria ir falar com eles". Levantando-se da mesa, continuou: "Se eu soubesse que era sobre isso, não tinha entrevista. Não faz o menor sentido".
A reportagem, que pode ser vista no site http://www.youtube.com/watch?v=vsRynm18_Eg, foi produzida pouco depois dos primeiros ataques do PCC, em maio, quando Alckmin já havia sido escolhido pelo PSDB como pré-candidato à Presidência. A assessoria de Alckmin afirmou que o vídeo foi editado fora do contexto em que a entrevista foi concedida.
11 outubro 2006
vEJA: Manipulação levada ao extremo
O mais interessante da história é a declaração do Ministro do TSE, Gerardo Grossi: "A imprensa escrita tem todo
o direito de se engajar nas campanhas eleitorais, respeitadas as regras ditadas pelo pleito eleitoral. Dentro
dessas regras, é proibido o uso de outdoor", disse o ministro Gerardo Grossi. E ainda tem gente que acha que a
veja é uma fonte de informação imparcial.
notícia da Folha:
TSE manda "Veja" retirar outdoors com Alckmin
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1110200623.htm
O TSE concedeu ontem liminar à coligação de Luiz Inácio Lula da Silva obrigando a revista "Veja" a retirar em
um prazo máximo de 24 horas os outdoors da edição desta semana em que Geraldo Alckmin aparece na capa.
A coligação argumentou que a publicidade promove Alckmin e burla a proibição de uso de outdoors na propaganda
eleitoral.
Procurada, a revista "Veja" não quis se pronunciar sobre o assunto.
Geraldo adora aviões. Seu cão prefere helicópteros.
No último domingo, durante o debate, Alckmin disse que vendeu o avião do Estado. Como mostra a Folha de hoje,
Alckmin não vendeu os aviões do governo de São Paulo: usou-os de 2001 a 2006. Uma das aeronaves, um King Air,
foi usada por ele até 2005. Já o Jato, só foi vendido quando Cláudio Lembo assumiu o Palácio dos Bandeirantes.
Além disso, gastou R$ 130 milhões com passagens aéreas e aluguel de veículos e aeronaves entre 2001 e 2005. O
AirBus da Presidência custou R$ 125 milhões. Outra informação interessante também na Folha de hoje, é que a
família de Geraldo Alckmin usou um helicóptero do governo de São Paulo para levar um cachorro de estimação, um
pitbull, em passeio até Campos do Jordão. A informação é da mulher de Cláudio Lembo.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1110200617.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1110200618.htm
Dossiê Alckmin - por Altamiro Borges
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=24747
Apesar das cores fortes da linguagem dos sindicalistas, o texto é interessante quando apresenta diversas
informações sem adjetivos. Vale a pena conhecer a trajetória do sujeito, escrita por álguém que não o esteja
bajulando. Principalmente porque, ao contrário de Lula, Alckmin tem uma história de vida que não foi
acompanhada pela grande mídia.
Para quem acha que não há diferença entre os candidatos...
10 outubro 2006
Janio de Freitas: Alckmin como um misto de Lacerda e Collor
Para quem viu e para quem não viu o debate, considerações interessantes de Janio de Freitas, em sua coluna do
jornal Folha de S. Paulo de hoje. Quem acompanha Janio de Freitas sabe que ele é um crítico impiedoso do
governo Lula. A considerar, portanto.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1010200606.htm
Folha de S. Paulo
São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006
JANIO DE FREITAS
Do debate à discussão
Alckmin apresentou-se como um misto de Lacerda e Collor: a agressividade do primeiro e a arrogância do último
SE O DEBATE Lula x Alckmin na Bandeirantes levou alguém a mover-se com sua preferência de um para outro
candidato, o imaginável é que se trate de um portador de hiperatividade, à espera sempre de um pretexto. As
votações de internet que aí estão, para sugerir vencedor, não têm representatividade, expostas que são a
mobilizações organizadas para amplificar determinar apoio. Não só votações de sentido político, aliás,
sujeitam-se na internet às deformações de representatividade.
Não houve debate. Houve discussão. O novo modelito apresentado por Geraldo Alckmin determinou o rumo do
confronto, não incluindo nele nem uma só idéia ou proposta sua para o eventual exercício da Presidência, nem
permitindo que o adversário o fizesse, caso o desejasse mesmo. O outro componente do modelito teve menos
conseqüências para o eleitor ansioso por saber, afinal, um pouco do que pense o ex-governador de São Paulo. Mas
não foi menos impróprio para o que deveria ser a confrontação de projetos para o país.
Geraldo Alckmin, à revelia do que até então aparentara, apresentou-se como um misto de Carlos Lacerda e
Fernando Collor. O pior de ambos: a agressividade compulsiva de Lacerda e a arrogância de Collor. A
agressividade inquisitiva de Alckmin, até para fazer perguntas insossas e que mal conseguia concluir, não
parecia de Geraldo Alckmin, o imperturbável. A ostentação de uma superioridade humilhante lembrou muito pouco,
se chegou a lembrar, o Geraldo Alckmin até então apresentado aos eleitores, e muito o Collor do debate com Lula.
O Geraldo Alckmin da Bandeirantes pode ter correspondido à cobrança de Fernando Henrique, que expôs de público
a sua nostalgia pela ausência de Carlos Lacerda, não pelo brilho, mas pela agressividade. Nunca foi a atitude
adotada na carreira de Fernando Henrique, conhecedor de tudo o que convém à propulsão de uma carreira, e deixou
Lacerda distante de tudo o que mais quis.
Lula também não esteve à altura da ocasião. Acima de outros possíveis motivos, por este: não poderia estar. Não
tinha saída. Caso recusasse, para falar de propostas, o rumo inquisitorial dado por Alckmin já a partir do
primeiro instante do confronto, Lula seria acusado de fuga aos temas incômodos. Aceito o rumo, para não se
mostrar fugitivo, ficou condicionado à discussão em lugar de debate programático, supondo-se que o desejasse
como o sugeriu mais de uma vez.
Caso as investigações não a respondam antes, continuará explorada a pergunta mais repetida por Alckmin na
discussão: "De onde veio o dinheiro?" (do negócio com o dossiê). Não é uma indagação-acusação honesta. Até
agora não consta nenhuma sugestão objetiva, nem sugestão, de que Lula tenha algo a ver com o negócio do dossiê
ou, ao menos, conhecimento dele -como Roberto Jefferson lhe deu, em parte, do mensalão.
08 outubro 2006
03 outubro 2006
Mídia, governo e hipocrisia
Mais um texto expetacular de Luís Nassif.
http://www.luisnassif.com.br/
Mídia, governo e hipocrisia
Para os que consideram que a luta da mídia contra Lula é ideológica, remeto à coluna que escrevi em 29 de julho
de 2000, sobre a campanha contra Fernando Henrique Cardoso (clique aqui).
É um conjunto de manchetes e matérias sobre o caso Eduardo Jorge. O movimento de manada é o mesmo. A intenção
quase explícita é a de derrubar o presidente.
Fica claro que há uma disfunção institucional na mídia, uma gana de derrubar presidentes, herança de Watergate
e da campanha do impeachment de Collor.
No dia em que se escrever a verdadeira história da cobertura do impeachment, se verá uma sucessão infindável de
manipulações grosseiras, roubos de matérias de repórteres por chefes, uso indiscriminado de dossiês, mentiras
das mais inverossímeis. Tudo isso, independentemente das inúmeras falhas e culpas de Collor as maiores
jogadas, aliás, não foram levantadas.
Só que a campanha consagrou jornalistas e elevou a grande imprensa à condição de maior poder nacional. Em
meados dos anos 90, jornais e revistas de opinião conquistaram os maiores índices de tiragem da história.
De lá para cá, a curva se inverteu por inúmeras razões. Algumas são estruturais, ligadas à entrada das novas
mídias, não apenas a Internet, como o avanço da TV a cabo e do rádio que ganhou status de formador de
opinião. Mas outras razões foram decorrência da perda de foco do jornalismo de opinião, que de tanto buscar o
espetáculo abriu mão de algumas qualidades intrínsecas do produto: credibilidade, rigor na apuração. Show por
show, a TV, a Internet e os jornais populares levaram.
De lá para cá, a imprensa escrita não se inovou. Sem inovações e criatividade, os únicos momentos de destaque
são nas grandes catarses nacionais, em casos como o da Suzane, Wilma, Lalau. Mais ainda, quando os escândalos
permitem atingir o poder e tentar recuperar a glória perdida dos tempos do impeachment de Collor.
No segundo governo, Fernando Henrique não caiu devido apenas à sua habilidade política. A reconciliação da
grande imprensa com ele se deu após sua saída, mas porque ele era ex, e o alvo era o próximo.
Com esse modelo político em vigor, qualquer presidente estará exposto aos humores da imprensa ao primeiro sinal
de vulnerabilidade. Pela relevante razão que o país é ingovernável se o governante não sujar as mãos, como
colocou o ator Paulo Betti, cometendo esse crime inominável de expor a hipocrisia em público.
É certo que a lambança promovida pelo PT foi ampla, típica de quem chega pela primeira vez ao poder, bem
diferente da tolerância discreta do PSDB. Mas é certo, também, que a maior parte desses operadores de Estado
começou a atuar muito antes. E foram moedas de troca para assegurar a governabilidade. A grande habilidade
política de FHC consistiu em entregar ministérios aos aliados, e fechar os olhos aos operadores. O grande erro
de Collor e Lula foi tentar monopolizar os operadores e dar o troco aos aliados -- como, aliás, muito bem
colocou o ex-deputado Roberto Jefferson.
Sem reforma política, qualquer governante estará permanentemente exposto aos humores seletivos da mídia. Ou ao
exercício permanente da hipocrisia. Aliás, a hipocrisia é elemento essencial de governabilidade.
Luís Nassif
http://z001.ig.com.br/ig/04/39/946471/blig/luisnassif/2006_09.html#post_18640021
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