Carlos Dorneles: "Seria bom se os barões da mídia fossem investigados"
O jornalista Carlos Dorneles participou na noite de domingo (5) da quarta etapa do Ciclo de Debates Jornalismo
e Literatura, promovido pela RBS e pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, em parceria com a
Feira do Livro de Porto Alegre.
Com mediação do diretor de redação do jornal Zero Hora, Marcelo Rech, o debate contou com a participação do
também jornalista Caco Barcellos.
O tema programado para a noite era livro-reportagem, porém Dorneles desviou a discussão e fez duras críticas à
mídia nacional. A posição do repórter quanto à imprensa (não apenas a escrita, e sim a todos os meios de
comunicação) já podia ser reconhecida em seu livro Deus é inocente, a imprensa não.
A principal diferença é que na obra são abordados os meios de comunicação internacionais; durante a conversa em
Porto Alegre, as críticas ficaram centradas na imprensa brasileira.
Hoje o jornalismo brasileiro não passa de um jornalismo burocrático que serve unicamente ao objetivo de
grandes empresas, afirmou Carlos Dorneles no início de sua fala, logo após brincar dizendo que é conhecido por
gostar de falar mal da imprensa.
Também criticou as elites nacionais, que segundo ele nunca são envolvidas em escândalos. "Quando as
investigações de alguma reportagem chegam à elite, param imediatamente", disse.
O repórter acrescentou, diante de um público constituído basicamente por estudantes de jornalismo e
profissionais, que qualquer movimento de organizações que busquem a democratização da comunicação é expurgada
pelos donos de veículos, que levantam a bandeira da liberdade de imprensa, mas na verdade querem preservar a
liberdade dos seus negócios.
O recado deixado aos jornalistas e estudantes por Dorneles foi que informação é produto, mercadoria e rende
dinheiro.
Política
A cobertura das últimas eleições e a visível partidarização da mídia foi o estopim para a avaliação dos meios
de comunicação brasileiros.
Imaginem se daqui a algumas décadas pegarem os jornais destas eleições para desvendar a sociedade em que
vivemos, ironizou Dorneles.
Em um breve comentário a respeito da matéria produzida pela revista Carta Capital intitulada "Dossiê da Mídia"
(nº 416, de 25/10), o jornalista disse acreditar que na verdade a matéria tenha mostrado apenas uma
poeirinha do que realmente aconteceu.
E finalizou o assunto lembrando que os veículos adoram promover a abertura de sigilos telefônicos e bancários
de políticos: "Seria bom se os barões da imprensa também tivessem suas vidas invadidas e investigadas".
As informações são do site Comunique-se
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=9663
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